FUTURO DE FRATERNIDADE
Nenhuma outra comunidade estrangeira deixou no Brasil – ou vai deixar – uma obra associativa que, no conjunto e na importância, possa ser comparada à deixada pelos portugueses.
As dezenas de associações, atuando em várias atividades, assinalam, no dia-a-dia, a presença portuguesa na cidade. É no campo do ensino e da cultura, com o Liceu, o Colégio Sagres, a biblioteca e o centro de estudos do Real Gabinete Português de Leitura, etc.; é na área de saúde e da assistência social, com os hospitais e as casas de repouso para a terceira idade; é no setor desportivo e social, com os clubes; é nas tradições e no folclore, com as chamadas “casas regionais”.
Com o fim da emigração tradicional – vão longe os tempos em que desembarcavam milhares de portugueses que vinham realizar seus projetos de vida – deu-se uma mudança inexorável nos corpos sociais dessas associações: os fundadores portugueses foram desaparecendo e os filhos e os netos, já brasileiros, passaram a substituí-los na direção das entidades, nas danças, nas aulas, nas festas, na música, no gosto de manter os “gens” e os modelos de origem lusíada. Hoje já não são portugueses de berço os jovens que dançam o vira e a chula; nem os mestres e alunos que dirigem ou freqüentam o Liceu, as bibliotecas e as escolas; nem são portugueses os que carregam os andores na festa religiosa dos poveiros; nem são portugueses os que administram o “Vasco da Gama”, a “Portuguesa”; nem são portugueses os enfermeiros do “Lar D. Pedro V”.
Agora já todo esse “universo associativo” de raiz portuguesa é partilhado pelos irmãos brasileiros. E cada vez será mais, na medida em que quase cessaram os ciclos da emigração para o Brasil – e os portugueses que vêm realizar seus projetos de vida deste lado do Atlântico chegam, em sua maioria, com uma formação muito diferente daquela que tinham os jovens transmontanos ou minhotos que, mal saídos da puberdade e com “poucas letras”, vinham tentar a sorte em terras do Brasil.
Desta nova realidade se conclui que o movimento associativo de raiz portuguesa para perdurar e para manter fidelidade às matrizes depende da participação cada vez maior dos brasileiros das novas gerações. Serão eles que, dançarão o vira e a chula nas festas das “casas regionais”, que freqüentarão a biblioteca do Real Gabinete Português de Leitura e os cursos do Liceu Literário Português; que cuidarão ou que ajudarão, por solidariedade, os idosos no “Lar D. Pedro V”.
É um dever de todos entregar a “chama olímpica” àqueles que se propõem construir futuros e cumprir destinos
Francisco Gomes Da Costa
Presidente da Associação Luis de Camões
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