VASCO DA GAMA – 122 ANOS DE GLÓRIAS

Falemos do aniversário do nosso “Vasco da Gama”, que foi celebrado na sexta-feira. Lembramos as vitórias maiúsculas, de seus atletas, as passagens épicas da sua história, as campanhas que desenvolveu pela fraternidade luso-brasileira, pelo resgate do negro, pela construção do estádio de São Januário, pelos traços de união sobre o Atlântico, para afirmar a amizade luso-brasileira, pela gesta maiúscula no plano desportivo, pelas vitórias em terra e no mar – lembremos toda a História do Clube, inclusive o gênio e o trabalho dos dirigentes e beneméritos, pois tudo isso só nos dá orgulho e honra de sermos “vascaínos”.

Sob a égide do “Navegador” que descobriu o caminho marítimo para as Índias, a instituição vai continuar, em cada pedra de São Januário, em cada gesto de seus atletas, em cada sentimento de seus dirigentes, associados e adeptos, em cada coração dos jovens e das crianças, a enaltecer o desporto no Brasil e a enriquecer a amizade luso-brasileira.

Foi gente simples e humilde que em 1898 fundou o Club de Regatas Vasco da Gama, na altura em que se comemorava o 4º. centenário do descobrimento do caminho marítimo para as Índias. Eram caixeiros, feirantes, pescadores poveiros do Caju, operários da construção civil que moravam em quartos alugados na Lapa – todos se reuniam aos domingos de manhã na Praia de Santa Luzia para a prática do remo nas águas da baía. Gente de tão poucas letras, emigrantes e nativos, que até o desenho da Cruz de Cristo para símbolo do clube saiu errado – e ficou para sempre o da Cruz de Malta.

Foi gente simples e humilde que alguns anos mais tarde provocou uma revolução democrática nas lides desportivas de todo o país ao inscrever pela primeira vez jovens negros na equipe de futebol do “Vasco da Gama”. Da audácia dos dirigentes resultaram ameaças e polêmicas que abalaram as estruturas da Liga e a sobranceria das elites da cidade.

Foi gente simples e humilde que, uma vez vencida a questão do negro no futebol, se confrontou com o desafio de construir um estádio para o “Vasco da Gama”, que emparelhasse com os estádios dos clubes mais ricos e permitisse a mantença do clube na 1ª. divisão. E foi por isso que surgiu, em meados da década de 20, graças ao trabalho e às doações de milhares de associados sem pendão e sem nome, o melhor e o maior estádio da América Latina, em São Januário. Gente de pouca influência junto ao Poder político, pois nem ao menos a redução do imposto sobre o cimento importado para as arquibancadas conseguiu obter do governo do Sr. Washington Luiz. Foi tudo pago, faturas e tributos, com o produto de campanhas e subscrições obtidas através de listas que correram entre os comerciantes da praça, sem favores oficiais e sem ajudas da burguesia carioca.

Foi gente simples e humilde que transformou um pequeno clube de regatas, com barcos doados pelos amantes do remo e com tripulações treinadas nas madrugadas, antes do horário do trabalho, que deram ao “Vasco da Gama” essa imensa glória no desporto de que desfruta e que está consubstanciada não apenas no majestoso Salão dos Troféus, representando, cada um, conquistas e feitos inesquecíveis, mas também no imaginário imperial de gerações de cruzmaltinos d’aquém e d’além-mar.

Hoje, é ainda na gente simples e humilde que o “Vasco da Gama” assenta e procura reencontrar os valores e as diferenças que fazem parte de sua História. Viveiro de cidadania, traço de união entre brasileiros e portugueses, matriz de solidariedade e de fusão de etnias, o destino de um clube com esta grandeza e com esta dimensão há de assentar sempre na participação de milhões de sócios e adeptos espalhados por todo o Brasil. São eles os artífices anônimos da fama, da pujança e da glória do Clube. Com eles, construíram-se vitórias, acumularam-se patrimônios, venceram-se tormentas, ultrapassaram-se crepúsculos, ganhou-se o infinito – e será com eles que recolocaremos o “Vasco da Gama” no lugar cimeiro do desporto de todo o mundo.

Como dizia meu irmão António, ser vascaíno é manter no coração a chama de uma fraternidade que não pode perder-se no tempo, nem desgastar-se na distância ou no esquecimento.

Parabéns ao “Vasco da Gama” “O Almirante” está na alma de todos nós. Obrigado pelas alegrias que nos deu na “Colina” pelo gosto das vitórias, pela dimensão das conquistas dentro e fora dos espaços desportivos, pelas taças e troféus conquistados, pela coragem e devoção dos que serviram e engrandeceram.

Francisco Gomes Da Costa
Presidente da Associação Luis de Camões

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